domingo, 26 de julho de 2009

" Há momentos em que a paixão pelo pecado, ou pelo que o mundo denomina pecado, domina tanto a natureza que cada fibra do corpo, cada cpelula do cerébro parece ser movida por impulsos temíveis. As pessoas, em tais momentos, perdem a liberdade de sua vontade. Movem-se em direção ao seu objetivo como autômatos. Não têm mais escolha e a consciência ou é extinta ou, se ainda existe, só serve para dar fascínio à rebelião e charme à desobediência."

(O retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde)




recomendo.
that´s all, folks!










I Was Broken - Robert Pattinson

terça-feira, 21 de julho de 2009

" - Desde que o senhor partiu, ele perdeu a consciência. Sua vida terminou num sono tranquilo. Possa ela despertar assim tão suavemente no outro mundo.
- Possa ela despertar atormentada! - gritou Heathcliff com assustadora veemência. - O quê! Mentiu até o fim? Onde está ela?Não ali... nem no Céu... Onde está então?Catherine Earnshaw, que você não tenha repouso enquanto eu for vivo. Você afirmou que eu a matei. Persiga-me então. Os assassinados devem perseguir os assassinos. Acompanhe-me sempre, tome qualquer forma, enlouqueça- me, mas não me deixa nesse caos onde não posso encontrá-la. Oh, Deus, como é inexprimível! Poderei viver sem aquela que era a minha vida e a minha alma? "

(O morro dos ventos uivantes, Emily Bronte)



Engana-se quem acha que esse é mais um livro de amor clássico.
Quem ja leu há de concordar comigo.
As intrigas, amores, loucuras e relacionamentos entre pessoas num lugar distante se torna fascinante.
Livro muito bom, recomendo até para aqueles que não são adeptos dos clássicos.
that´s all, folks.









Sweet thing - Van Morrison

sexta-feira, 3 de julho de 2009

PRÓLOGO

“Eu sabia que ia ser assim”, pensei antes de deixar que as lágrimas me dominassem. Mas eu não estava chorando, aquelas lágrimas caiam porque tinham vontade própria. Não, porque eu era uma idiota. Como acreditar naquilo? Como pensar no futuro? Como? Aquilo não podia ser verdade, eu sentia que não era. Devia ser a chuva que caia impiedosamente naquela noite, naquela rua vazia, com pessoas passando ao longe e alguns poucos olhares desconfiados. Devia ser o dia estranho, da semana estranha, do mês mais estranho de todos. Não, aquilo não era real.












Barão Vermelho - Flores do Mal

quarta-feira, 1 de julho de 2009

"Repara, essa minina é tão estranha"
Foi assim que acordei de minha inércia diária hoje. Não sei como, nem quando, eu tinha chegado ali, mas eu estava ali. Sentada duas cadeiras atrás do cobrador, esperando pacientemente que o sol saísse do meu rosto e fosse pro outro lado. Mecânico. Entrar no ônibus e escolher o lugar da sombra. Mecânico. Sair do trabalho, ir pra parada, pegar o cartão do bompreço, opa, o vem da bolsa e botar no bolso.Mecânico. Dar a mão quando um ônibus amarelo com os números 825 que indicam que é Jardim Brasil/Joana Bezerra estiver passando. Mecânico. Aproximar o cartão da máquina, fingir olhar quanto de crédito ainda tenho, olhar pra frente e não ver ninguém, apenas cadeiras que a escolher em qual delas minha bunda se abrigará hoje. Mecânico. Pegar o MP4 da bolsa e tentar achar alguma música que eu não esteja enjoada de tanto escutar. Mecânico. Nunca parei para reparar as músicas que os motoristas botam e ficam cantando baixinho. Nunca reparei que alguns cobradores parecem sempre estarem muito cansados de ficar sentados o dia todo. Nunca reparei que realmente quando você entra no ônibus todos te olham. Nunca reparei que algumas pessoas simplismente não conseguem não comentar sobre todo mundo que entra no ônibus. Nunca reparei que alguns passageiros te olham a cada 30 segundos só por olhar mesmo. Nunca reparei que eu nunca ando de ônibus sem meu mp4 no ouvido. E eu nunca tinha reparado que eu sinceramente não escuto muito as músicas que ouço no caminho pra casa. É só um monte de palavras, num ritmo conhecido.Mecânico.
Hoje eu não levei meu mp4, não lembrei de botar na bolsa. Ele nunca sai da minha bolsa. Acho que botei pra carregar e esqueci, eu não sei. Percebi que mesmo sem ele, eu não estou ali. Mesmo sem aquele barulho ritmado eu não escutava nada,eu não via nada, eu não pensava em nada. Estado de inércia, ou quase morte. Até que alguém do meu lado, quer dizer, na fileira do outro lado, estava conversando e olhando para mim. Visão periférica. Admito não saber o motivo de eu ter prestado atenção naquilo. Estava muito silêncio na minha cabeça. Será que inconscientemente eu sabia que aquilo era pra mim?Será que realmente era pra mim?
"Repara, essa minina é tão estranha"
"Eu vi,ela ta voando.Nem respira, repara"
"acho que isso é droga"
"tá com cara"
"tão bonitinha, chega dá pena"
"é. os jovens de hoje tão assim, eu mesmo vi um dia desses...."
Depois disso preferi não notar mais.Ok. Eu tenho cara de drogada?Ou eu estava com cara de drogada?Eu não estava nem respirando?Essas mulheres não tinham o que comentar?Elas realmente achavam isso?Eu estava mesmo estranha?Mais o que é ser estranha?É ter cara de drogada?É não reparar em todo mundo?É não me mexer a cada 10 segundos?Eu não sei. Eu não entendi.Eu até que estava me achando bem normal hoje quando olhei no espelho. Cabelo bagunçado do mesmo jeito, calça jeans, blusa preta, bolsa,sapatilha,algumas olheiras e marcas de espinha. Meu normal. Normal.
Eu não entendi.
Preciso me lembrar de sempre botar meu mp4 na bolsa antes de sair.
Barulhos ritmados me desligam de interrogações.

that´s all, folks.











Alceu Valença - Dia Branco