quinta-feira, 1 de julho de 2010

De vez em quando eu ainda me surpreendo. Incrível, não? Logo eu que achava que não me surpreendia com mais nada, me surpreendi de verdade hoje. Supreender que significa: 1.Apanhar de improviso ou em flagrante; 2. Causar surpresa, admiração ou espanto.
Acho que pro caso de hoje, espanto.
Como todo fim de semestre, existe os conselhos de ciclos. O momento onde os professores avaliam a situação de cada aluno para saber em que é preciso melhorar, no caso do conselho agora em julho, e se ele passará de ano, no caso de dezembro. Essas reuniões sempre duram manhãs inteiras, são sempre cansativas e chatíssimas. E hoje não foi diferente,nem eu esperei que fosse. Na escola onde eu faço estágio só trabalho assiduamente com no máximo 3 turmas por conta que as outras,em sua maioria, tem meninos com deficiência auditiva, por favor aos que ainda não sabem, não se chama mais surdo. E como eu não sei libras, embora tente aprender, não tem como trabalhar. Então essa reunião foi o caos completo, afinal, teria que ficar até o fim, e só opiniar sobre o comportamento e aprendizagem dos meninos de 3 turmas numa escola com 10 turmas, cada qual com 30 alunos e demorando em média 7 minutos de discussão em cada um. Sem contar a minha falta de apreço por algumas pessoas residentes naquela sala, ah, sem contar também que estava chuvendo e o clima super favorável para dormir. Mas bola no chão que o jogo é de botão, não é?!
Quando eu estava quase cortando meus pulsos e entrando no nirvana, começaram a falar de uma sala que sempre me intrigou. Não pela liderança explícita de uma certa menina sobre a sala inteira, mas a submissão dos demais ao comando dela. Voltei a terra e tentei me situar do assunto. A medida que os nomes foram botados em debate, dei minha opinião um tanto negativa sobre cada um. Quando chegou num certo casal de irmãos na sala, foi que eu fiz a seguinte pergunta aos presentes: Sou só eu que percebo ou eles são os mais bonitinhos, submissos e bem cuidados da escola? Não, não foi unânime, mas em sua maioria todos concordaram. A coordenadora do breguelé lá então falou: Eu não queria ter que dizer isso a vocês para que não houvesse diferenciação deles para com os demais, mas a situação deles é grave. Ano passado o avô matou a avó na frente deles e a mãe deles saiu ferida também. Por conta disso ou não, começo desse ano a mãe saiu de casa e eles moram só com o pai que é taxista e não pode bancar muita coisa pra eles. Ah, o menino tem diabetes também.
A sala então ficou naquela: ... cri...cri...cri...cri....
Aos meus poucos leitores, admito que me espantei. São pré-adolescentes de 12,13 anos, e já tendo passado por tudo isso. E no caso deles, pior, porque eles tinham cuidado, dinheiro, mesmo que não muito, mas viviam em melhores condições do que a maioria ali, e do nada, puff.
Sinceramente agora não sei como NÃO diferenciá-los dos outros alunos. Como NÃO deixar eles quietinhos quando eles estiverem dispersos. Nessas horas eu queria poder ajudar, mas como?Essa impotência me irrita.

Mas enfim, jogo do Brasil amanhã!
PRA FRENTE BRASIL!!!! :D







That´s all, folks!
O Atirador - Lenine